Saudação

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domingo, 6 de maio de 2012

Estação de cruzar destinos




Por George W de B Cavalcanti*
(texto atualizado em 28.05.2012 às 15:29)


Na manhã eu segui em frente, e sentei-me a buscar nutrição
no deglutir das horas com pressa na lanchonete daquele vão,
um grande espaço cheio de horizontes a nos ofertar destinos;
o meu corpo e a menina dos meus olhos queriam o desjejum.
Então ela chegou suave e confiante a flutuar em toda beleza
e, contemplei-a longamente calado; rendição ao monumento
de mulher bela que pairava corpo e destino em minha frente.
Quando, por um tempo à mesa adiante sentou-se imponente
como só ela sabia daquela maneira de o fazer-se impactante;
matinal dose de hormônios que insistia a ferver-me o sangue.

Suportei-me porque seguia ansioso, entre o cascalho e o luto,
no pavimento em meio a povo no contrafluxo líquido e certo;   
enquanto um tanto avesso a rótulos eu bebia a água com gás.
Então fui adiante apressado em intenso não poupar  esforços;
tentar viver a vida integral a pegar caronas em escada rolante
para deglutir repasto, enquanto ela revolvia mechas de cabelo.
Meiga e sádica, a afastar negra madeixa e mostrar-me a nuca,
dialogava silente, pelo nato detalhismo que revelou bem fazer,
pois sabia que ao derredor eu sorvia a sua alva pele como leite;
naquele prato alagado, via refletidos os nãos ditos pela aliança.

A transitória musa brindou-me com a pêra das formosas ancas,
quando acomodou-as macias na singela cadeira do restaurante
para meu deleite e sofrer, naquele particular espaço de tempo;
aditei à bagagem naquele raro momento um volume de emoção.
Naqueles embevecidos minutos de fugaz infinito, retive a razão
na urgência de ir à uma revistaria comprar uns livros de poesia;
o que fiz de pronto ainda que, por aquela visão um tanto tonto.
E, nos minutos restantes antes do transporte impressos escolhi:
Pessoa, Bilac, Matos, Abreu e Quintana - nas edições de bolso;
todos boa companhia para saber de um jeito de ser e de corpo.

Giravam ainda no mostruário aquelas tais instigantes brochuras
quando vi aproximar-se atenta aos livros uma distinta senhora:
Pois não madame, esteja à vontade! Então, fui direto ao caixa.
Era outra, não aquela de quem eu ansiara guardar as palavras,
dedicar-lhe interináveis horas a escutar-lhe todo seu desabafo;
mesmo que, sem permitir-nos adentrarmos ao universo afetivo.
Mas, sua linguagem corporal toda leitura eu mais que guardara;
daquela de singelo vestir e de candente discurso, sem palavras.
Surpreso: Seguira-me, ante a vitrine da loja ao lado se postara;
aguardáva-me transporte expresso e tudo aquilo seria passado.

Somente intenções, possibilidades no lugar de distribuir gente,
reconhecendo que ela, caçadora, aditara claridade ao meu dia;
a mulher de gracioso trajar naquela insólita manhã rápida e fria.
Intimar-me às intimidades de hemisférios com seu mapa múndi,
e que, mesmo vestida, me autorizava ler à farta toda geografia;
razão sobeja, para o galgar de um afoito momentâneo alpinista,
em pesquisar relevos e coordenadas localizadoras de harmonias.
E, quanta vontade contida de dizer-lhe o quanto era magnífica,
mas, que não podíamos ceder à tentações e cometer desatinos
a teimarmos na mistura de nossos destinos, tristezas e alegrias.

Compromissos dissuadiram-me e diluíram um eventual prelúdio,
de paixão que cega, sem razão que cultive o amor que ilumina;
cessar de pintar à mente a modelo que posava fora de estúdio.
E olhei naquela imensidão que levava o tempo para plataforma,
aonde o veículo de impelir meu corpo à luta em breve chegaria.
Novamente submerso em responsabilidade alcei um periscópio,
perscrutei, em último apelo da solidão àquele enigma cúmplice;
ela, bela pintura e bem ajustada tela à graciosidade da moldura.
Recordações largadas em um canto qualquer da minha memória,
qual convite amarelado pelo tempo na página virada da historia.




(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

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