Saudação

Olá! Este é um espaço de escrita criativa com um toque de humor, e expressão da minha vontade de me aproximar do poder revelador das palavras. Testemunho do meu envolvimento com a palavra com arte, e um jeito de dar vida à cultura que armazeno. Esta página é acessível (no modelo básico) também por dispositivo móvel. Esteja à vontade.

domingo, 23 de outubro de 2011

Ab-negado




 Por George W de B Cavalcanti*


Quando um poeta morre,
quem se importa?
Quem anuncia o seu nome
ao vento e ao tempo?
Quem se importa?

Quando um poeta morre,
quem se importa?
Quem acode as rimas
ou consola os versos?
Quem se importa?

Quando um poeta morre,
quem se dá conta
que cessou uma brisa
que renova a vida?
Quem se importa?

Quando um poeta morre,
quem anuncia a perda
ao professor, ao aluno
ou ao vizinho de porta?
Quem se importa?

Quando um poeta morre,
quem socorre o mundo
de perder um abnegado
que o torna mais humano?
Quem se importa?

Quando um poeta morre,
alguém tem a resposta ou,
quem sabe o silencio seja
o que justifica a pergunta?
Quem se importa?

Quando um poeta morre,
cala o pássaro, chora a flor
e uma criança pergunta;
por que? Pergunta o amor:
Quem se importa?




terça-feira, 18 de outubro de 2011

Nossa torturante Tortuga

Holandês Voador, o lendário navio-fantasma holandês "que vagará pelos mares até o fim dos tempos".


Por George W de B Cavalcanti*


Tortuga (palavra da língua espanhola para tartaruga) ou Isla Tortuga é uma ilha no mar do Caribe, onde os piratas tinham inúmeros esconderijos e vendiam os tesouros apresados, gastavam a sua parte no álcool e lutavam, entre outras atividades características desse estilo de vida. Entre os esconderijos/paraísos piratas contam-se a ilha de Tortuga, Port Royal (Jamaica) e Madagáscar. Situa-se na América Central no Norte de Hispaníola, com três ligações para a costa.  

Tem o nome de Tortuga (tartaruga) porque tem a forma de uma (quando vista de Hispaníola parece uma tartaruga monstruosa). Mas, conta-nos a história que, a ilha de Tortuga fora repleta de pilhagens e mergulhada em sangue, onde a violência era constante. Esta ilha tinha regras para as rixas, pirataria e pilhagens. Motivo pelo qual fora inserida no roteiro dos longa metragens Piratas do Caribe: O Baú da Morte e Piratas do Caribe: No Fim do Mundo - e, ligando-a ao mistério do fantasmagórico navio-pirata "Holandês Voador".

Reza a lenda, que remonta ao século XVII, da embarcação-fantasma Holandês Voador que, capitão do navio se chamava Bernard Fokke; e, em certa ocasião teria insistido, a despeito dos protestos de sua tripulação, em atravessar o conhecido Estreito de Magalhães. Fokke conduziu seu navio pelo estreito, com suas funestas consequências, das quais ele teria escapado, ao que parece, fazendo um pacto com o diabo, em uma aposta em um jogo de dados que o capitão venceu, utilizando dados viciados.

Desde então, o navio e seu capitão teriam sido amaldiçoados, condenados a navegar perpetuamente e causando o naufrágio de outras embarcações que porventura o avistassem. Diz que o seu capitão, cujo é almodiçoado, tem que vagar pelos mares atacando navios e os sobreviventes do navio atacado são colocados a sua frente e logo transformados em escravos.

Acontece que, as cumulativas exigências dos magnatas do futebol profissional - daqui e de além-mar - para a realização da Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil, mais parecem abordagem de corsário sem pátria. E, estão a impregnar a esse episódio político-futebolístico de semelhança ao lendário enredo da mencionada série cinematográfica. Portanto, vejamos isto ponto a ponto e o que na realidade está a significar para todo o povo brasileiro:
  • A FIFA quer a suspensão do CDC (Código de Defesa do Consumidor) e do Estatuto do Idoso. Ou seja, a entidade futebolística internacional, como um feroz e cruel pirata, nos pede - mais do que isto, nos impõe - a revogação de dois instrumentos de proteção ao consumidor que nunca, em circunstância alguma, foram revogados ou suspensos; nem temporariamente. Em outras palavras, a FIFA requer a supressão de direitos fundamentais garantidos àqueles segmentos da sociedade, juridicamente considerados fática, econômica, jurídica e socialmente desfavorecidos. 
  • A FIFA quer que seja permitida a comercialização de bebidas alcoólicas nos estádios. Tudo na contramão das diretrizes e princípios que informam a garantia do equilíbrio social visado com a prevenção, precaução e repressão de condutas consideradas, pelo direito, como danosas à sociedade. O que equivale a cuspir na cara dos juristas, legisladores e dos segmentos sociais. Enfim, de todos que trabalharam durante anos, se debruçando com afinco na confecção desses estatutos garantidores de direitos e, absurdamente, na Constituição Federal de 1988. 
  • Nossa Constituição Federal traz, no artigo 170, e incisos, os princípios informadores da ordem econômica, sendo que a defesa do consumidor é um daqueles princípios a serem observados para que o exercício da atividade econômica transcorra em respeito aos demais interesses superlativos no texto constitucional. E, esse estado ou estádio de coisas será o mesmo que cuspir nos milhares de consumidores, idosos, estudantes; isto é, sujeitos cujos direitos são tutelados por leis específicas porquanto sua condição social reclama aquelas tutelas. 
  • Permitir que a FIFA imponha ao Brasil as regras que mais bem lhe atendam é, mais do que afrontar as disposições constitucionais e do microssistema consumerista, afrontar os seguintes fundamentos da República Federativa do Brasil: a soberania, a cidadania e a dignidade da pessoa humana (artigo 1º, incisos I, II e II, da CF). Porque, quando o consumidor exerce seus direitos, está exercendo sua cidadania. Atender às reivindicações da nominada entidade é permitir que um ente não soberano intervenha na nossa soberania.
  • A independência nacional da República Federativa do Brasil é princípio reitor de suas relações internacionais (artigo 4º, I, da CF). Se, a ordem jurídica é um dos instrumentos a garantir essa independência em relação a Estados estrangeiros, o que se dirá em relação a uma mera entidade que regula o futebol? Todos esses estatutos garantidores de direitos, em última análise, foram forjados de modo a assegurar a dignidade da pessoa humana. Normas jurídicas servem para isso. As leis servem ao homem, e não o contrário. 
  • Entendemos que, sobremaneira é injustificável tentar afastar conquistas sociais hoje estampadas em legislações fortes, com vocação constitucional, em nome de interesses particulares. Porque o legado que essa Copa do Mundo deixará, ao que nos parece, em pouco ou nada será positivo. Na medida em que, por uns míseros "trinta dinheiros", se cogita vender o que nos resta do nossos - cada dia mais escassos - patrimônio ético e reserva moral nacional. 

Pelo rumo que o barco está tomando, abriremos precedente para outras entidades poderosas e essa aberração - que seria “a Copa da iniciativa privada” - se tornará apenas mais uma “piada de Copa do Mundo”. Então, convenhamos que, guardadas as devidas distâncias essas histórias tem semelhanças nauseantemente evidentes. Pelos tesouros de nossas paragens - de botim dócil e farto - facilmente acessível aos corsários contemporâneos. O governo brasileiro e a nossa CBF estão à milhas náuticas de distância de apresentar a combatividade digna de um, digamos, "Pérola Negra".

Também é evidente que, por aqui a horda da torcida transtornada é capaz de matar. Porque sua existência é marcada pela violência institucional perpetrada pelo Estado, que não lhe garante os direitos mais básicos para viver dignamente; mas, lhe garante pão e circo - e, também, álcool. Parece-nos que, faturar é o que importa; faça-se o indivíduo esquecer sua condição indigna garantindo-lhe o acesso aos jogos de futebol, mesmo com os ingressos mais baratos chegando a custar quase 10% do salário mínimo. E, com pragmatismo bestial, maximizem-se os lucros na Copa do Mundo; enfim, será bom para a economia!

Caso o governo federal concorde com as imposições mercantilistas da FIFA, os "donos da bola" farão o Brasil se quedar de joelhos diante dos mesmos. E, nessa grande encenação, que mais parece ficção a se desenrolar diante do nosso estarrecido olhar, pasmos assistimos ao ataque de um novo capitão Fokke com a sua assombrada nau. Que, por aqui se apresentam para tomar de assalto a uma "mera indefesa ilha"; já infestada de piratas desde antes do século XVII. E que, em pleno século XXI ao que tudo indica continuará - me permitam o trocadilho -, torturantemente, a ser uma espécie de "Tortuga".




(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A ronda de um espectro - gênio e elefante

Steven Jobs

Por George W de B Cavalcanti*


Quando se consegue um acumulo pessoal de conhecimento densamente variado, é quando se pode dizer que se é detentor de um conhecimento geral. E, é nesse nível intelectual básico que se inclui os saberes sobre os demais animais; e, os elefantes se sobressaem. Não só pelo grande tamanho, mas, por demonstrarem sentir a proximidade do fim de seu tempo existencial individual e, então, buscar um específico lugar adequado para o seu termino. Assim, por silogismo, não fica difícil de estender esta possibilidade e capacidade a outras espécies; aos vegetais e, até mesmo, ao mineral.

Até porque todos de uma forma ou de outra estão estruturalmente mutuamente presentes e, mais que isto, inerentes; a realidade é sistêmica. Portanto, temos que admitir que essa não é uma prerrogativa exclusivamente de nós humanos. Há um lugar para cada coisa e cada coisa, ao menos ao final, deve estar em seu lugar; e, fugir a isso é favorecer o caos e derrocada existencial em determinada dimensão. Porque em essência e consequência não há um termo absoluto, e sim relativo; axiomaticamente: há uma transformação.

Em torno disso o animismo forjou o espectro da figura com a longa foice, que colhe e finaliza a existência das criaturas; e, a rondar a vida em seu momento mais extremo e seu ponto de mutação mais radical. Mas, nas palavras de Steven Paul Jobs (São Francisco, Califórnia, 24 de fevereiro de 1955 — Palo Alto, Califórnia, 5 de outubro de 2011) somente: "um momento de dar oportunidade e lugar para o novo, para a renovação". Sim, para a renovação e inovação de ideias, de criação e de estruturação de novas possibilidades.

Porém, a aproximação desse espectro geralmente não representa um estado ou condição de felicidade e de alegria; e, no máximo com dignidade: de resignação. Seja no tempo, seja no espaço em que ocorre essa, digamos "convivência", nunca é fácil -; assim como não o é entre os gênios e as pessoas comuns. Até porque, enquanto uns estão atentos e mentalmente excitados por cada lampejo de conhecimento e a antegozar saltos de qualidade na realização da vida, os outros continuam a dormir diante da realidade.

Genialidade e morte igualmente nos rondam -; esta última à vida de todas as criaturas e a primeira aos medíocres e/ou concorrentes. É que lhes bate uma insegurança e um medo tremendo ante essas elaborações personificadas; ainda - e por muito tempo mais - igualmente transformadoras e polêmicas. A primeira para o bem e aperfeiçoamento, e a última, para o quê? Há quem garanta que, para os bons há sempre disponível um túnel de luz e para os outros: nem "luz no fim do túnel".

O certo é que, os elefantes se encaminham para um lugar afastado da manada - geralmente um mesmo local do bioma - para dar o seu derradeiro suspiro. E, os gênios tem o costume poderoso de, por alguns momentos, fazer entreabrir os olhos da sociedade; para tentar despertar o contingente da humanidade adormecida na desinformação, no desconhecimento e na alienação.

A minha posição nessa história é que, embora a essa altura da vida eu já tenha acumulado algum conhecimento e relativo domínio da informática, longe estou de ser um gênio. Mas, bem que gostaria de, como o Jobs, dar a minha parcela de contribuição incluindo extraordinário legado de renovação tecnológica e empresarial -; e, principalmente, com tão exemplar diálogo com o espectro.

Também sei que, guardadas as devidas proporções, por aqui também incomodo a muitos que "dormem". Aos quantos a minha vigília do conhecimento e busca da verdade os assombra; como pesadelo em seu sono existencial. E ainda que, na condição precária em que sobrevivo, ao menos - como um elefante -, eu gostaria de escolher descansar dessa lida em um outro espaço; e, em um outro tempo.


(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Quando o carteiro não chegou


Por George W de B Cavalcanti*


Recreio dos Caramujos - PZ, 06 de outubro de 2011.

Rosidalva "minha querida, saudações; escrevo esta carta, mas não repare os senões"...  
Senão, chegar a tempo de informar a vocês tudo de importante e urgente que está se passando por aqui; dessas coisas que só a carta pode repetir a informação e sem qualquer despesa a mais. Senão, chegar a tempo o numerário que segue junto, para quitar a dívida da família. Senão, puder ajudar a pagar a cirurgia de urgência de que me falaram. Senão, terminar a tempo essa greve dos CORREIOS que está deixando todos aqui na maior aflição.

Isto porque, nesse interior abandonado pelos políticos e pelo governo em que vocês vivem; para o que não há outra explicação - principalmente nos dias de hoje - senão o manter todos aí na indigência de comunicação que, também, encabresta o voto de vocês. Onde a telefonia celular não pega e o computador não tem acesso a Internet e nós sabemos que a correspondência é o único meio mais adequado à nossa comunicação e apoio a todos aí da nossa família.

Olha! Nós aqui não entendemos é o seguinte: se o sindicato que mantém a greve é da CUT que é do PT que é o partido da Ministra que é do partido da Presidenta; como é que eles não se entendem? E, se é o voto de toda essa gente dos CORREIOS que, assim, ajuda a eleger os políticos do petê; e numa hora dessa a gente não os vê dar um "pio" em favor desses trabalhadores que mantém o partido deles - como é que tem lógica? Você não acha que isso é uma coisa sem pé nem cabeça?

A coisa das correspondências e remessas pelos CORREIOS estava tão boazinha no tempo do professor FHC - apesar da força contra que os petistas então faziam - que a gente chegava até nos orgulhar dessa empresa do governo. Mas do governo Lula para cá a situação desse serviço virou mesmo de ponta-cabeça cada vez mais e parece até que não tem mais conserto. Eu chego a acreditar que, como no caso das rodovias, eles deveriam permitir que o particular pudesse criar empresas nesse setor também.

Também um professor da escola em que trabalho me contou que, em países desenvolvidos se o sujeito parar esses serviços, que também param o país, termina é "esfriando os miolos" com uma temporada na cadeia, mesmo. E, eu acho que é certo, porque esse setor não é como os de vender mobília, roupa ou farinha na feira, mas, de manter todo o país em movimento em todos os outros setores; até mesmo colocando em risco de morte pessoas inocentes como é o caso da nossa parenta aí que está para ser operada.

A nossa turma aqui das merendeiras do turno da manhã também concordou comigo, no que esse pessoal todo dos CORREIOS tem sofrido barbaridade nos últimos oito anos, principalmente os carteiros. São os ataques, não somente mais dos de cachorros, mas de bandidos a cada dia mais; não bastasse o problema de câncer de pele que aparece muito neles. E até escutei na rádio que, em nosso estado, os carteiros já tinham sido assaltados no primeiro semestre deste ano mais vezes do que em todo o ano passado.

As noticias dizem que o pessoal que assalta os carteiros já é bem variado e que vai em grosso e no varejo, até o simples viciado para comprar drogas. E, quando não é carga maior, todos atacam para roubar cartão de crédito que é enviado para os clientes dos bancos e das financeiras. Acontece que a gente não vê nem banco, nem operadora de cartão e nem governo defendendo os carteiros. Mas, só acho que esse pessoal deveria fazer piquete era na porta dos políticos que eles mesmos elegem e fazê-los os defender.

Quer dizer que, os políticos que são eleitos pelo voto dos funcionários sindicalizados ficam por aí, no "bem-bom". E os coitados dos carteiros sendo afastados do trabalho cada dia mais por problema nos nervos; depressão mental mesmo. Tem um que é vizinho nosso que, de tanto sofrer com sobrecarga de volume trabalho e com a violência dos assaltos, ficou meio "pancada" da cabeça. Foi interno, passou até uns tempos parado se tratando; mas, era só colocar aquela mochila de carta nas costas que ele sentia pânico.

A coisa parece que está ficando cada vez mais feia para o lado daqueles que, o partido que está no poder foi eleito com o voto dos mesmos; ou seja, do nosso, do trabalhador, do cidadão comum e do popular. E, ao que tudo indica esse pessoal petista traiu mesmo a gente; cospem no prato em que comeram - tanto no do trabalhador como no da imprensa que antes eles tanto defendiam, para a liberdade de expressão democrática do pensamento e da informação total a respeito dos acontecimentos e atividades de governo.

Atualmente sabemos que o nosso país, proporcionalmente à população, já é onde mais se mata gente no mundo, e o que vemos é que as causas, o que está na raiz dessa violência toda nem de longe é abordada. Então, como esses governantes querem que a casa não desabe sem que desçam do próprio telhado? E, ainda saem por ai contando vantagem de emprestar dinheiro a Europa, enquanto nós aqui continuamos penando nas mais diversas carências e deficiências. Acho que isso é não ter projeto de governo e sim de poder.

Bem querida, por ora vou parando por aqui 'que Deus do céu nos ajuda'. Eu sei que dificulta um pouco vocês me compreenderem o que digo, mas, que fazer se é daqui que alimento os meus e arranjo um pouco para mandar pelos CORREIOS para vocês ai de vez em quando. Mas, pelo andar da carruagem parece que os únicos envelopes certos para o 'povão' receber são mesmo os de madeira. "Isola!"

Até a próxima quando, espero, a correspondência esteja normal. Até porque, "quando o carteiro não chegou e nem o meu nome gritou com as cartas na mão; ah, que surpresa tão rude, não sei como pude chegar ao portão".

Desse seu parente e amigo certo,

Régis Trado da Silva


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O jardim das vassouras - cena e cenário


As 594 vassouras - uma para cada parlamentar - simbolizam grito 
contra a corrupção no jardim da Esplanada dos Ministérios.


Por George W de B Cavalcanti*


A nossa presidente (/a?), discursou na ONU, que legal! Saiu-se até muito bem, não fora a teimosia em alinhar-se demagogicamente quanto à política exterior - e, nenhuma palavra sobre mulheres (como a saudita de Jeddah, Shaima Jastaina, 30) condenada pelos "companheiros das arábias" a levar dez chibatadas por desafiar a proibição do reino contra a direção feminina. Sendo que, a nossa mandatária no âmbito doméstico, alguns dias antes havia comandado pessoalmente ações políticas no sentido de barrar a realização de uma "CPI da Corrupção" para investigar a fundo irregularidades - que não param de recrudescer -  no Ministério dos Transportes.

Vale salientar que, em matéria de faxina doméstica o povo sabe muito bem a sua importância fundamental e que é uma questão de educação sanitária; politicamente, imprescindível ao país. E, que eu lembre-me, o primeiro mandatário geral do nosso país, a propor a vassoura como símbolo e ênfase de governo foi ex-presidente - de simplória memória - Jânio da Silva Quadros. Eleito porque o povo, a grande massa, o verdadeiro cidadão, a consciência lúcida nacional; queria - como agora clama - faxina política na administração pública.

Evidente que, o cidadão comum brasileiro em sua luta cotidiana pela dignidade e cidadania parece alcançar muito mais lucidez quanto aos rumos do país do que os abastados quadros da política partidária. Estas últimas, pessoas às vezes antes sensatas e comprometidas com as prioridades coletivas e que, ao sentar em uma cadeira do parlamento brasileiro se transformam ou se transtornam. Como naqueles macaquinhos da ilustração da omissão; ficam cegos, surdos e mudos diante do descalabro e do saque aos cofres públicos.

No passado Jânio - digo o povo -, ganhou a eleição, mas, não levou o mandato porque - no dizer do próprio - "forças ocultas" o 'renunciaram'; e, pior, o golpearam. Resultou em uma ditadura militar - com o meu respeito à caserna -, com todos os característicos vícios e mazelas que retardam o amadurecimento democrático de uma nação. Até porque ante a república e a democracia qualquer regime de exceção é perfeitamente evitável quando, com seriedade, é tratada na raiz do problema; o mal de base: a corrupção.

Esse mal é historicamente personificado e coletivizado; e, leva o indivíduo e/ou corporações ao paroxismo do cinismo e da inconsequência - seja pela via partidária, sindical ou de organização não governamental. Mas, em condição aguda, invariavelmente desemboca na formação de quadrilha ou bando de "colarinho branco" que, com toda maldade retira e toma de alguém alguma coisa. E, em política isto se chama injustiça social, má distribuição de renda e descumprimento dos deveres do Estado.

A contaminação é fácil e assume característica endêmica em países cuja educação formal "engatinha" e o domínio do conhecimento - em quantidade e qualidade - é um privilégio de uma elite apaniguada. E, por aqui ainda tem gente que imagina poder conviver com essa praga moral à base do tal "jeitinho brasileiro". Mas, que "jeitinho" que nada, aí estão os diversos setores estatais sucateados, a fraude nos programas sociais, na conservação do meio-ambiente, na infraestrutura e logística nacional.

Porque justiça social - não somente distribuição de renda - é diretamente proporcional ao aperfeiçoamento da administração do país na gestão da coisa pública; aplicação de perícia, competência, eficiência e eficácia. É o priorizar continuamente o planejamento no atendimento às futuras demandas do país, na busca constante de elevar a qualidade de vida democraticamente. E, sobretudo, deve impedir o morticínio de populares ora dizimados pela bandidagem; cujo braço livre e audaz vitimiza fácil até à ilibada magistratura.

Em sã consciência não se ousa achar que esta condição ou processo é coisa da latinidade, que faria parte do nosso folclore; em nossa visão romântica, determinista, fatalista e conformista. Até porque a indignação cívica, que se encontrava em estado de letargia desde o governo Lula, dá sinais de vida - e leva milhares de brasileiros às ruas para protestar contra a corrupção. Quando, após os avanços que emanaram dos governos Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso, temos a certeza de que, por aqui, nós podemos.

Mas, falta mais; aliás, falta muito mais. Falta agregar e mobilizar continuamente - independentemente do time de cada um - as torcidas organizadas neste mutirão moral e ético. Pelo ajustamento de conduta nacional amplo geral e irrestrito; pelo bem do povo e pela felicidade geral da nação. Há que se convocar os jovens torcedores não para perseguir torcedor de time adversário, mas, para cassar o voto dos corruptos que sabotam os horizontes dos torcedores de todas as cores e credos.

Vamos plantar jardins de vassouras vede e amarela, para que a corrupção seja varrida hoje e sempre, até desaparecer da face desta nação. E, haja consolidação da responsabilidade social individual, partidária, organizacional e empresarial pela extinção da impunidade -, quando firmaremos posição como povo verdadeiramente desenvolvido. Ou, continuar “de bobeira” em percurso sobre rombos e roubos, e valas comum de impunidade - a nos retardar, senão impedir, manter o rumo ao bom êxito.

Pessoalmente acredito que essa danação toda que infelicita principalmente - e sempre - aos menos aquinhoados, seja mesmo uma patologia comportamental cujos estragos estão sempre à olhos vistas. Uma doença espiritual [intelectual e / ou mental, à escolha] do ser humano, cuja compulsão se caracteriza em buscar a sua própria felicidade em detrimento do próximo - como se isto fosse compensador - em suas causas primeiras e fins últimos.

Quando, a verdade irrefutável, axiomática, é que: em essência e consequência, a felicidade isoladamente não existe.  Como já o versejou Vinícius de Morais, o nosso querido poetinha, "fundamental é mesmo o amor; é impossível ser feliz sozinho". E, na vivência política como nos demais aspectos da vida não há que se envergonhar do amor, e sim de o compreender em sua forma aplicável mais ampla e coletiva; mais  retornável a cada um e, portanto, a todos.

Refiro-me aqui ao amor ágape (em grego "αγάπη", transliterado para o latim "agape"), o qual, como o dom da vida, é independente e soberano. Então, como negar a si e aos outros algo tão vital? Como se é capaz de imaginar que ao promover o mal ou seja, tirar algo do outro - porque é nisto que o mal se resume -, é possível garantir uma sociceade civilizada e a felicidade de seus descendentes? 

É por estas e outras que urge banirmos essa corrupção que, em tudo incapacita o nosso organismo social e nos adoece de morte -; até mesmo a um "gigante pela própria natureza".




(fotos ilustrativas - fonte: Google Imagens)

Rádios de Israel - escolha a estação

Antes de escolher uma rádio desligue outro áudio que estiver escutando.