Saudação

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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Os Palmares vivem!

Por George W B Cavalcanti


Neste nosso discreto e gratificante espaço virtual vimos derramando regularmente um tanto da nossa essência em conteúdos reflexivos, propositivos, emocionais e, até, afetivos; uns simplesmente casuais e outros até consubstanciais; e, por tudo, sou sincera e profundamente agradecido.

Mas, nesta ocasião especialmente comemorativa, sugiro que o título do nosso comentário seja mentalmente precedido de célebre bordão atribuído a um consagrado personagem da nossa história, cuja palavra de ordem era: “Prá frente Sucupira!” Inconfundível por seu nacionalismo foi e, ainda é, considerado por alguns desatentos apenas um excêntrico ufanista delirante. Acontece que em geral o seu estilo é recorrentemente adotado na maioria de nossos palanques eleitoreiros; então ele e seu 'bordão' continuam emblemáticos -; digo, eleitorais.

A propósito, certa manhã cedinho eu estava – como costumo fazer – escutando notícias no meu rádio de cabeceira que tem o sintonizador ‘cravado’ em determinada estação noticiosa quando, sob a batuta do ‘maestro’ locutor-âncora, entra no ar uma hilariante bandinha. Era uma criativa produção e edição de trechos de dobrados e marchinhas unindo conhecidas e célebres frases de efeito de patéticos políticos desse nosso contraditório pais -; uma deliciosa sátira musicada de bom tom e absolutamente histriônica.

Então me ocorreu – como se diz hoje, ‘caiu-me a ficha’ – de que, a literatura que produzo em prosa ou em verso, tem lá seus genes desse nosso bem humorado viés editorial radiofônico. Também, pudera! No meu caso, ele é o fruto maturado pelo calor das minhas continuadas reflexões críticas sobre o entorno da nossa realidade; folclórica, poética e ao mesmo tempo triste e, até, patética.

Assim, entendo minha produção intelectual em boa medida como um efeito colateral do fato de residir em uma pequena localidade e pretensa cidade pólo regional – no entanto ainda classificável pelo jargão sociológico como um dos ‘grotões do Brasil profundo’. Designação esta, genérica e apropriadamente elaborada pelas Ciências Sociais para comunidades encravadas nos interiores e desgarradas do trem do progresso desse nosso país.

Cidades estas nas quais se vive continuadamente a fermentar uma consciência globalizada de liberalidades democráticas, de direitos humanos e civis e de educação formal. Onde, justa e licitamente cresce a sede por conhecimentos, modernizações, capacitação para o mercado de trabalho e, por diversificação da economia local e geração efetiva de emprego e renda. Ou seja, pela equalização participativa com o ritmo geral do progresso nacional – leia-se, desenvolvimento e ganhos de qualidade de vida do povo brasileiro.

Neste sentido, para o povo herdeiro de Zumbí dos Palmares - os palmarinos de União dos Palmares das Alagoas ainda há muito por conquistar. Contudo, embora padecendo o ataque feroz de beneficiários do feudalismo caboclo coronelista – conhecida excrescência da prática política - e, do retrocesso administrativo público, vale salientar que: em nós a sede de modernidade do tempo não passa. E, essa nossa sede de cidadania persiste porque é inerente ao organismo social como a água é necessária ou corpo humano. Sede essa que só é saciada pelo exercício da alternância política no poder; e, alternância esta que é em si mesma a essência e seiva e do progresso e desenvolvimento -; mediante o exercício das conquistas democráticas.

Na comemoração da independência renovamos o nosso compromisso com a nossa gente pelo avanço e aperfeiçoamento da justiça social neste histórico torrão, tão subestimado e relegado, ainda -, especialmente face o seu singular e inalienável patrimônio histórico-cultural. Porque aqui nasceu e floresceu a consagrada proto-república quilombola que serviu de modelo para a Revolução Francesa do século XVII - marcadamente em 14 de julho de 1789 -, quando caiu a Bastilha e eclodiu nas ruas o grito: ‘Liberté, egalité, fraternité!’ – ‘Liberdade, igualdade, fraternidade!’

Passam os homens mas, a sede de cidadania do tempo não passa, repito. E, por oportuno, vale recitar ainda e sempre a pergunta poética e musicada do também nordestino Caetano Veloso: ‘Até quando iremos precisar de ridículos tiranos?’... Acorda gente! Aproveitemos, eficiente e eficazmente, todas as eleições e joguemos para longe a canga do renitente feudalismo nordestino disfarçado de clientelismo assistencialista-populista –; o qual é na verdade é radicalmente excludente e cruel.

Aproveitemos a chance e enchamos o coração de coragem e os pulmões com o ar da liberdade que desce perenemente da Serra da Barriga; para que os ventos benfazejos da paz e do efetivo progresso tragam refrigério e bonança ao Vale do Mundaú.
Concluo este parafraseando ao Policarpo Quaresma, conclamando: Prá frente Zumbí! E, que os teus Palmares sejam a cada dia mais vitoriosos em nossa União.


União dos Palmares - AL, 07 de setembro de 2008.

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